Cronotopo sóciofísico do espaço público em centro urbano consolidado

Autores/as

  • Débora Maria Svizzero Boni
  • Rosio Fernández Baca Salcedo

Resumen

A qualidade dos espaços públicos determinam os usos e a frequência dos usuários no local através de suas edificações, fachadas, fluxos, usos, mobiliários, texturas, culturas, cores e paisagens. Os entornos podem ser potencializadores ou inibidores de certos tipos de comportamento, processos cognitivos, estados de ânimo, etc. Os ambientes inibidores têm muito mais efeito sobre as pessoas, o que nos alerta para o efeito negativo que um ambiente degradado pode ter sobre a população. Desta forma, o crescimento da cidade de Bauru durante o século xx e a conformação do seu eixo comercial, criado pelas Praças Machado de Melo, Rui Barbosa e Rua Batista de Carvalho, é passivo de estudo, pois o uso sóciofísico do espaço modificou-se com o passar dos anos, degradando o local através da desocupação habitacional, da insegurança causada pela falta de público em determinados horários do dia e da noite, causando um enorme desinteresse dos usuários pelo local, correndo o risco de perder sua identidade e valor afetivo pela população, já que nada tem sido feito para conter a descaracterização e falta de qualidade local, através de uma proposta de requalificação na infraestrutura. A proposta de requalificação estudou conscientemente o planejamento do espaço através das forças coletivas e individuais, isso quer dizer que, para essa intervenção ser de qualidade no ambiente construído, é de extrema importância conhecer as maneiras com que as pessoas e o entorno interagem, sendo essa interação através do Método Dialógico Hermenêutico, identificando os elementos presentes nas fases do projeto, construção e uso social de todo espaço público consolidado da Batista de Carvalho. Na primeira fase, estudou-se o contexto, ou a cidade de Bauru, compreendendo sua formação urbana, morfologia urbana e edilícia, aos aspectos históricos, culturais, políticos e sociais, e as políticas e projetos públicos e privados para a configuração do espaço público da Rua Batista de Carvalho e suas posteriores intervenções. A segunda fase, o texto, ou o espaço público da Rua Batista de Carvalho, foi analisado em função dos seguintes momentos: configuração inicial da Rua Batista de Carvalho, a refiguração da Rua Batista em 1920, através dos usos sociais, prefiguração, ou o projeto do Calçadão, a reconfiguração, ou a construção do Calçadão, e re-refiguração do Calçadão (1992-2016, através do seu uso atual), sua degradação e, por fim, a re-prefiguração ou as diretrizes para requalificação do espaço. Vimos que todo cronotopo sóciofisico do espaço público é bastante dinâmico, interferindo diretamente no modo como a população usa e interage com o local, interação que está intrinsecamente ligada à qualidade, pois um local que oferece boa interação social faz com que as pessoas se comportem positivamente, criando um entorno favorável, movimentado e interativo. Concluindo, para propormos mudanças em qualquer espaço público afim de resgatar sua qualidade, é necessário conhecer a estrutura identitária local, compreender as regras produtoras e reprodutoras da cidade, ou seja, seu código genético territorial, sendo preciso muito critério para realização de alguma intervenção nesses espaços, devendo ser específica e adequada à sua cultura e história.

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