A crise financeira e a falência das políticas neoliberais se refletem sobre as cidades e reduzem a capacidade de investimento do Estado em políticas urbanas, fortalecendo o empreendedorismo urbano, e a ótica da escolha locacional de investimentos privados, criando um novo modelo de acumulação urbana nas cidades. Por sua vez, os espaços de democratização têm funcionado como elemento de mediação política, emergindo novas formas de gestão e governança urbana, centradas em parcerias público/privadas, fragilizando os mecanismos e espaços de planejamento democrático. A crise atual expressa dois movimentos antagônicos e contraditórios: i) a mundialização e globalização neoliberal, explicativa das transformações econômicas, sociais, culturais e políticas por que passam os Estados nacionais e as sociedades mundiais; ii) um movimento “contra a globalização”, que extrapola as fronteiras nacionais, percebido na presença de inúmeras redes e parcerias entre movimentos sociais, expressando-se em lutas e novas formas de organizações locais e nacionais. Considerando esses dois cenários, o artigo busca refletir sobre a utopia urbana de um futuro democrático e sustentável para as cidades, fundada em uma cidadania participativa ativa, socialmente solidária